Bairro Criativo do Pontal expõe produção no Festival Internacional do Chocolate‏

A ação criativa que toma conta do "outro lado da ponte"
Arquivo/JBO/Maurício Maron

Não apenas o chocolate fino e outros derivados do cacau serão degustados pelo público do Festival Internacional do Chocolate, que acontecerá em Ilhéus, de 21 a 24 de julho, no Centro de Convenções da cidade. O pão de ló e cuscuz produzidos pela doceira Wanda Ambrósio e as tortas salgadas e o quibe com ricota da quituteira Sandra Diniz darão um sabor diferente ao evento. Elas integram o bem sucedido projeto de Economia Criativa da Bahia: o bairro Pontal Criativo, localizado na zona sul da cidade. Com culinaristas e artesãos que produzem objetos decorativos em madeira, cerâmica, tecidos e materiais recicláveis, o projeto vai expor sua criatividade e valorizar talentos históricos do bairro.

Segundo a gerente regional do Sebrae em Ilhéus, Claudiana Figueiredo, a concepção de Bairro Criativo, que é o modelo a que se propõem os artistas do Pontal, passa pela capacidade da população identificar seus problemas e encontrar soluções sempre de forma criativa. “Os conceitos de bairro criativo e de economia criativa apresentam o desenvolvimento econômico sustentável calcado no talento das pessoas, realidade que, sem dúvida alguma, amplifica as inúmeras oportunidades de emprego e renda”, afirma.

O Pontal Criativo surgiu em dezembro de 2013 e é o primeiro bairro com esta característica econômica do interior do estado e o terceiro da Bahia inspirado no case trazido pelo Sebrae ao município pelo ex-secretário de Cultura Cidadã e de Desenvolvimento Social de Medellín, na Colômbia, Jorge Melguizo. Ele foi palestrante na jornada do Sebrae Oportunidades de Negócios na Floresta. Na plateia estava o ativista social José Henrique Abobreira, morador do Pontal, que ouvia atentamente as histórias de transformação. A cidade que era conhecida pela guerrilha e narcotráfico e hoje vive agora um novo modelo de desenvolvimento urbano e de cidadania e tornou-se um case de sucesso criativo no mundo.

Foi a partir da ideia que atravessou fronteiras, que a comunidade do Pontal tomou a iniciativa de criar um projeto semelhante onde a Economia Criativa pudesse ser apresentada como uma grande e forte alternativa de crescimento dos pequenos negócios. Reuniões foram feitas nas varandas das casas e os primeiros interessados começaram a produzir, reunindo talento e criatividade em seus produtos. Atualmente o grupo, formado por 25 integrantes, expõe na praça São João Batista, a principal do bairro, e participa de feiras e exposições em outros municípios, a exemplo do Festival do Mangostin em Una; Festival Esperança Conduru, em Serra Grande, no Jequitibá Shopping, em Itabuna, e em diversos hotéis da região.

Um dos idealizadores do projeto, José Henrique Abobreira destaca a importância do Sebrae como parceiro da iniciativa. “O Sebrae tem proporcionado ao pessoal criativo visitas a grandes feiras em Belo Horizonte e em cidades históricas de Minas Gerais e São Paulo”, destaca. Abobreira ainda lembra que os ganhos do grupo não estão restritos a recursos financeiros. “O projeto tem mudado a vida de pessoas, mexeu com a autoestima de talentos que estavam esquecidos, sem oportunidades”. O Sebrae é parceiro da iniciativa, organizada pela população local, em parceria com diversas entidades como o Movimento Pontalense de Cidadania, a Associação de Moradores do Pontal (Amop), o Instituto Nossa Ilhéus e a Casa da Cultura Popular.

A feirinha na praça, aos finais de semana, impulsionou outra atividade nas imediações: a abertura de bons restaurantes e botecos. Este avanço também permitiu a integração deste grupo de pequenos empresários ao Projeto Pontal Criativo, valorizando os sabores locais através de uma gastronomia de alto padrão. Segundo o Balcão do Empreendedor, o Pontal já tem no entorno da Feira Criativa 26 restaurantes e botecos formalizados e mais dez ainda na condição de informais. O projeto contempla outras iniciativas, como a reforma completa da Praça São João Batista, o resgate do Clube Social do Pontal e a Feira Integrada de Artes e Negócios.

FestivalIdealizador e organizador do Festival do Chocolate, o empresário Marco Lessa, também sócio da marca de chocolates finos Chor ao lado da esposa Luana, destaca que desde 2009, ano da primeira edição, houve um grande crescimento do evento: saltou de três para 25 marcas participantes, de 13 para 65 estandes e de 6 mil para 30 mil visitantes. Passou a atrair a atenção de grandes marcas, especialistas do mundo inteiro e, na última edição, mobilizou R$ 10 milhões em negócios. Nos últimos dois anos, o evento proporcionou R$ 50 milhões em mídia espontânea na imprensa nacional e internacional.

O evento, que começou como um espaço de exposição ganhou ingredientes como debates, trocas de experiências, cultura, lazer e competições gastronômicas e esportivas. Durante os quatro dias, além das novidades apresentadas, são promovidos cursos e palestras, uma grande Feira com exposição de chocolate, derivados de cacau, produtos da cadeia e entidades públicas e privadas, uma série de atividades culturais, exposições de arte, turismo em fazendas, espaço educativo para crianças, ateliê do chocolate e shows com artistas regionais e nacionais.

O Festival Internacional do Chocolate tem a parceria do Sebrae, que realizará no local uma série de Clínicas Tecnológicas, tendo como tema central “Aprendendo tudo para entrar no negócio”, com a participação dos melhores especialistas do Brasil. O evento é uma realização da Associação de Turismo de Ilhéus (Atil), Biofábrica do Cacau, MVU Promoções, Costa do Cacau Convention Bureau, Bahiatursa e Secretarias Estaduais de Turismo e de Desenvolvimento Rural.