Missões empresariais movimentam apicultura no sul da Bahia

Região sul é fértil para o cultivo desta cultura
Arquivo/JBO/Maurício Maron

O agricultor José Carlos Góes, 69 anos, tem uma propriedade na região do Maruin, entre Ilhéus e Una, no sul da Bahia. Tradicionalmente, cultivava seringa, piaçava e coco, mas nos últimos 10 anos passou a apostar, também, na apicultura. Ele é um entusiasta do pólen vermelho, considerado hoje a sua principal produção apícola, e trabalha para conquistar novos mercados. Para isso, o agricultor integra a Missão de Negócio do Sebrae, no VI Congresso Baiano de Apicultura e Meliponicultura, III Seminário Brasileiro de Própolis e Pólen e VIII Seminário de Própolis do Nordeste. Os eventos começaram ontem (7), e acontecem, simultaneamente, até sexta-feira (10), no Centro de Convenções de Ilhéus.

Famoso por suas propriedades antirretrovirais, o pólen vermelho vem ganhando espaço no mercado nacional, além de se tornar um grande e promissor negócio. Especialistas calculam: em um quilo de pólen, Góes ganha cerca de R$ 700. Mas quando decide diluir este mesmo peso e vender para o mercado consumidor regional, o lucro pode chegar a R$ 2 mil. “Estamos descobrindo agora o que os orientais já usam como fonte de vitalidade e saúde há muito tempo”, revela.

De acordo com o gestor do projeto de Apicultura do Sebrae, Lin D´el Rey, a proposta do congresso é estimular negócios, conhecer novas tecnologias e trocar experiências que possam intensificar a produção regional. Durante os eventos, serão enfocados avanços nas áreas de técnicas de manejo, pesquisas, comercialização e exportação.

Um público estimado de 1.200 produtores e pesquisadores são esperados no evento, que oferece palestras, mesas redondas, sessão de pôsteres, minicursos, e conhecimento sobre produtos e serviços relacionados ao setor, expostos nos estandes da Feira de Produtos Apícolas. Os inscritos ainda participam de concursos e visitas técnicas a fazendas regionais.

Durante a abertura oficial, o consultor do Sebrae, Domingos Ailton, falou sobre a importância da sustentabilidade para o avanço do negócio. “O desenvolvimento da apicultura na região sulbaiana depende, diretamente, da contrapartida que os seus produtores podem dar, através de serviços que assegurem a preservação do meio ambiente, aspecto fundamental para a produção do apicultor”, destacou.

Os três eventos - VI Congresso Baiano de Apicultura e Meliponicultura, III Seminário Brasileiro de Própolis e Pólen e VIII Seminário de Própolis do Nordeste - são uma realização da Comissão Executiva da Lavoura Cacaueira (Ceplac), Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Federação Baiana de Agricultura e Meliponicultura (Febamel) e Associação Canavieirense de Apicultores (ACAP), com patrocínio do Sebrae, Governo da Bahia, Companhia do Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia (Faeb) e Veracel.

AvançoNos últimos 10 anos, a produção apícola baiana deu um salto de 550 para 4 mil toneladas, colocando o estado na 8ª posição no ranking nacional. O número de apicultores, no mesmo período, passou de 680 para 5.200. Os números evidenciam o grande interesse dos produtores para a criação de abelhas em todo o Estado.

No sul da Bahia, a produção de mel e pólen vem se destacado em diversos municípios, a exemplo de Una, Canavieiras, Ilhéus (pólen) além de Santa Cruz da Vitória e Teixeira de Freitas (mel). São 1.200 apicultores organizados em 22 associações de apicultura e duas cooperativas, uma de mel (Santa Cruz da Vitória) e outra voltada para a produção de pólen (Canavieiras).

O litoral sul é uma região indicada para a produção de pólen em decorrência das grandes floradas das palmáceas, em especial os coqueiros e as áreas de restinga. Os apicultores também podem produzir própolis e mel. Para a produção da própolis, os manguezais são fornecedores de resinas em abundância. O produto final é um própolis vermelho com grande ação terapêutica.