Ilhéus frágil diante de uma chuva forte que deve dobrar o volume em 48 horas
Uma briga de David contra Golias. Enquanto Ilhéus ainda aguarda recursos para recuperar os altos e morros danificados pelas chuvas de novembro do ano passado - alegando que não tem recursos disponíveis para bancar as obras -, novas chuvas colocam em perigo a vida das pessoas que moram nas partes altas da cidade. "Infelizmente o que podemos hoje oferecer é lona e cesta básica", reconheceu agora cedo o membro da Defesa Civil do município, Ednaldo Azevedo, que também é superintendente de Obras e Serviços Públicos da Prefeitura de Ilhéus. Segundo ele, apesar das insistentes idas do prefeito Jabes Ribeiro à Brasília, os recursos, um ano depois, ainda não foram liberados e a cidade vive "uma possibilidade de desastre eminente e as pessoas devem evitar permanecer nas áreas de risco".
De goegrafia bastante acentuada, Ilhéus possui 43 altos. Durante o dia de ontem, choveu, segundo Ednaldo, algo em torno de 50 mm e a situação tende a piorar. A previsão é de que nas próximas 48 horas chova mais 100 mm. E em um terreno já bastante encharcado. De acordo com o representante da Defesa Civil, os pontos mais críticos são os altos do Amparo, do Socorro e Gamboa. Pontos de alagamento foram detectados no bairro Teotônio Vilela e no Banco da Vitória onde, ontem à noite, moradores da localidade fizeram um protesto contra o que consideram "descaso da prefeitura". Ednaldo Azevedo afirmou que o alagamento ocorrido ontem à noite encobrindo a pista asfáltica da rodovia Jorge Amado foi causado por erros na execução de uma "obra". Só não informou se pública ou particular.
A Defesa Civil colocou alguns telefones à disposição da população. Além do fixo 3234-3597, contatos podem ser feitos pelos celulares 88818500 ou 88478390.
Tem ou não tem? - O irônico foi que, logo após Ednaldo conceder entrevista a uma emissora de rádio comunitária, queixando-se da falta de recursos para investir nos morros, entrou no ar, na mesma emissora, o programa oficial do prefeito Jabes Ribeiro. Logo na abertura, um jingle (música promocional) anunciava: "Tem obra pra lá, tem obra pra cá. Tem obra em todo lugar..."
Ao que parece, nos morros, não!