Resultado de gastos com viagens, mais previsível que final de novela

Jabes apontou demais para o alto
Arquivo JBO

A Prefeitura de Ilhéus noticiou que há seis anos não se tinha uma conta governamental aprovada pelo TCM. Mas como tudo na vida depende do “ponto de vista”, a conclusão poderia, também, ser outra. Desde o século passado, de 99 pra cá, os gestores de Ilhéus não conseguem aprovar, sem ressalvas, uma conta sequer. E nisso inclui-se o próprio Jabes, noutras gestões que esteve à frente do Palácio Paranaguá. Portanto, é bom que fique claro: não há nada de “sobrenatural” no resultado da análise das contas de Jabes referentes a 2013, aprovadas “com ressalvas”.

Há de se dizer que o problema enfrentando por Jabes não é diferente das demais gestões baianas. Há parcos recursos, excesso de servidores, muita saída de dinheiro e cofres vazios para novos investimentos. Esses são sempre os argumentos na hora de "fechar a conta". Mas as “ressalvas” agora impostas pelo TCM estão relacionadas a excessos do próprio Jabes: excessos de diárias, viagens e por aí vai. Isso, ele não conseguiu explicar.

Em maio de 2013, o Jornal Bahia Online realizou um levantamento, que apontou para um dado absurdo: em cinco meses de mandato, Jabes já havia viajado o período equivalente a um mês de trabalho (relembre clicando aqui). À época, setores da imprensa ligados à administração municipal e o próprio governo, tentaram desqualificar a denúncia, afirmando que, um prefeito que precisa de dinheiro para tocar o seu município, não poderia ficar sentado na cadeira do gabinete “esperando a morte chegar”.

Mas o levantamento feito pelo Jornal Bahia Online encontrou detalhes, no mínimo, estranhos no histórico das viagens. Considerou dados publicados no Diário Oficial do Município, que apontantavam que de 08 de janeiro a 23 de maio, o prefeito de Ilhéus recebeu 23 diárias para "tratar de interesses do município", sendo 20 destinadas a viagens a Salvador e 03 para Brasília. Sem contabilizar os custos com passagens aéreas, o site apurou que o valor de cada diária é de 600 reais, o que daria uma despesa de 13 mil e 800 reais aos cofres públicos somente com hospedagem, alimentação e transporte da autoridade, a maior parte na capital baiana onde, frise-se, Jabes tem apartamento próprio.

De acordo com o levantamento do JBO, 14 das 23 diárias do período avaliado - 60 por cento das viagens - foram disponibilizadas no início da semana, às segundas e terças-feiras. Há casos de quase uma semana inteira de o prefeito fora de Ilhéus. No mês de abril, mais precisamente nos dias 04 (Quinta), 05 (Sexta), 08 (Segunda) e 09 (terça), o prefeito recebeu diárias para estar em Salvador. Se esteve na Prefeitura, foi somente numa quarta-feira.

Há casos, também, de economia que poderia ser feita, já que a situação do municipio, segundo o próprio prefeito, "sempre foi crítica". Em uma das viagens, Jabes Ribeiro justificou um encontro com o diretor da CAR, a quem apresentou um projeto de recuperação da Central de Abastecimento do Malhado. O encontro ocorreu em Salvador numa quarta-feira. Na sexta, dois dias depois de uma viagem custeada pelo cidadão que paga impostos, Vivaldo Mendonça, o diretor da CAR, esteve na região e em Ilhéus, para participar de uma solenidade da CAR no sul da Bahia.

Portanto, o exagero cometido por Jabes, segundo o TCM, que está exigindo a devolução de recursos, era tão previsível quanto final de novela da Globo.

A verdade é que a economia exigida de Jabes aos seus subordinados, precisa chegar à agência de viagens contratada por sua administração, para atender as suas intensas horas de voo.