O crime que cometemos

A foto da polêmica
Arquivo JBO

As redes sociais foram criadas para compartilhar valores, objetivos e opiniões. Inclusive as adversas. Mas nem todo mundo entende isso. Dias atrás, o Jornal Bahia Online publicou uma foto mostrando a situação do canal do Malhado, um importante bairro de Ilhéus, entregue ao mato e ao abandono. A postagem foi parar em um grupo do Facebook onde é debatido o turismo da cidade.

Pois bem: o pseudo-organizador do tal grupo não gostou. Pediu para que não postássemos fotos da cidade que comprometessem ou prejudicassem o turismo.

Bonito isso. Além de não respeitar a opinião alheia e querer "monitorar" opiniões que não interessam aos seus objetivos - muito provavelmente pessoais - o "organizador" aparenta total despreparo ao deixar de entender uma das principais premissas para que tenhamos um turismo forte, eficiente e de qualidade: "uma cidade só poderá ser boa para quem a visita, quando for, efetivamente boa, para quem mora nela".

Esconder o mato, os seus problemas, é jogar para debaixo do tapete o lixo que fazemos questão de não querer enxergar, a nossa capacidade de reagir. O comportamento do tal "organizador", além de demostrar o despreparo para entender e aceitar a opinião adversa à sua, representa a defesa do mais paupérrimo sentimento de que, entre viver no mato e na sujeira e deixar de atrair o visitante até que uma administração se mostre preparada para a realização de suas tarefas mínimas, apresenta-se como maior prejuízo a segunda opção.

Nós não concordamos com isso.

Em tempo: a partir de hoje, por conta da nossa resistência em "obedecer" a tamanho absurdo, o "organizador" nos retirou "democraticamente" do grupo. Aliás, diga-se de passagem, de onde jamais pedimos para, sequer, entrar.

Para nós, tudo bem. Seguimos o nosso caminho de cabeça erguida.

Entre o sonho que eles imaginam sonhar e a realidade da população mais carente de Ilhéus, nós preferimos enfrentar o pesadelo das ruas, em defesa do povo sofrido desta cidade.

Por que esta é a Ilhéus real. E não a Ilhéus para turista ser enganado.