Produtos e know-how do Sul da Bahia são destaques em Feira Internacional no Pará

Henrique Almeida e o orgulho da marca Sagarana
JBO/Maurício Maron

Os sabores dos chocolates finos e o design arrojado da cerâmica, tipo exportação, produzidos no Sul da Bahia, estão à disposição do público que visita o Festival Internacional de Chocolate e Cacau da Amazônia e da Flor Pará, em Belém. O evento, que começa nesta quinta-feira, 3, e segue até domingo, 6, está montado no Hangar Convenções e Feiras da Amazônia e tem o apoio do Sebrae.

Do Sul da Bahia, estão presentes marcas de chocolates gourmet a exemplo de Bahia Cacau, Itacaré, Chor e Sagarana, além da Cores da Terra, projeto que reúne artistas plásticos do município de Ibirataia na produção de vasos de cerâmica e ferro. O know-how sulbaiano também está na organização do festival. A MVU, empresa organizadora do Festival Internacional do Chocolate da Bahia, que acontece todos os anos em Ilhéus, é responsável pela organização do evento no Pará.

As marcas de chocolates do Sul da Bahia presentes no festival integram o projeto Indústria Setorial Ilhéus - Derivados de Cacau, do Sebrae. O gestor, Eduardo Andrade, explica que o objetivo principal do projeto é justamente promover os produtos regionais nos mercados nacional e internacional, respeitando as peculiaridades de cada marca e produto. “Enquanto há poucos produtores em fase adiantada de adequação ao mercado, há muitos outros que sequer começaram a pensar nisso. É preciso atender essas demandas, mas enxergando o crescimento da produção de derivados de chocolate de uma forma coletiva, como um processo inovador de toda a região cacaueira da Bahia”, revela.

Para o organizador do evento e dono da marca Chor, Marco Lessa, a Bahia não quer apenas fazer um bom chocolate e almeja também que toda a experiência envolvida nesse produto seja compartilhada, inclusiva, ecologicamente correta e que traga benefícios a toda cadeia produtiva. “É isso que fará do chocolate baiano um produto que, além de absolutamente saboroso e único, seja capaz de atrair investidores, turistas, pesquisadores, estudantes, chefs e chocólatras do mundo inteiro”, acredita. Para ele, este intercâmbio é fundamental para mostrar ao mundo a qualidade da amêndoa do cacau e do chocolate do Sul da Bahia.

No Festival Internacional de Chocolate e Cacau da Amazônia e da Flor Pará as inicativas do sul da Bahia buscam a consolidação da identidade e o talento da região através de produtos e serviços de qualidade e de reconhecimento.

Qualidade baianaA qualidade da produção baiana foi elogiada na edição anterior do festival, realizada em 2013, em Belém. O Chocolate Sagarana lançou no Pará a linha ao leite com 42% de cacau. Um chocolate tipo premium, que conquistou os paraenses. Outra marca que se destacou foi a Chor Chocolate de Origem, que pela primeira vez apareceu em um evento segmentado. Outra surpresa para os paraenses foi o Costa Negro, do cacauicultor Guilherme Moura, uma nova marca lançada no evento.

“No ano passado vendemos mais de mil barras de chocolate em quatro dias. Agora estou bem mais preparado e a expectativa é de excelentes negócios”, revela Henrique Almeida, da Sagarana. A sua fazenda de cacau, que produz amêndoas selecionadas, fica localizada na Serra do Ribeirão do Terto, no município de Coaraci. Sua especialidade é a produção de cacau forasteiro da variedade “Maranhão” para a fabricação de chocolate gourmet, além de comercializar esse cacau com chocolateiros internacionais, como é o caso da Chocolatier Bonnat de Voiron, na França, que existe desde 1888.

A origem da variedade escolhida por Henrique Almeida é encontrada no baixo-Amazonas, na região onde agora recebe elogios. Trazido para o Sul da Bahia, a variedade foi, aos poucos, passando por uma seleção natural e hoje é “a galinha dos ovos de ouro” do produtor. Ele revela que, apesar de contar com a mesma variedade em duas propriedades rurais, é apenas na Fazenda Sagarana que consegue selecionar os chamados frutos perfeitos para a produção de chocolates finos.

Outra marca regional de destaque presente no festival está inserida no Projeto de Economia Criativa no Sul da Bahia: a Cores da Terra surgiu em 1989, através dos artistas Selma Calheira Franz Rzehak. A proposta era unir sonhos de um projeto artístico à possibilidade de usar a arte como negócio. A dupla conseguiu. Moradores de Ibirataia e cidades vizinhas são treinados e capacitados para produção dos objetos. As técnicas utilizadas na criação e fabricação revelam o resgate cultural da região e a valorização da natureza nativa. Como resultado, a produção da Cores da Terra já é vendida nos mercados nacional e internacional.