Jabes Ribeiro se diz otimista e mostra confiança no futuro de Ilhéus

Jabes Ribeiro
JBO

 

Embora faça questão de lembrar os problemas que encontrou ao tomar posse no seu quarto mandato à frente do Poder Executivo municipal, o prefeito de Ilhéus, Jabes Ribeiro, não perde oportunidade para salientar que está otimista em relação ao futuro do nosso município.

Nesta entrevista concedida ao Diário de Ilhéus e ao Jornal Bahia Online, o prefeito diz que, além da série de grandes investimentos que estão programados para o município, dois deles anunciados esta semana pelo governador Jaques Wagner, no caso a segunda ponte do Pontal e o Gasoduto Itabuna-Ilhéus, ele assegura que está seguindo fielmente a receita que se propôs para recolocar Ilhéus no caminho do desenvolvimento: trabalho, muito trabalho.

E garante que com isto, mais uma preocupação constante com a transparência da gestão, o apoio dos governos federal estadual, a colaboração da Câmara Municipal e da população ilheense, conseguirá cumprir o compromisso que assumiu antes e durante a campanha eleitoral: reorganizar o município e dar mais qualidade de vida para todos os seus habitantes.

Confira a segunda da série de entrevistas que o Diário de Ilhéus e o Jornal Bahia Online produzem em conjunto nas últimas duas semanas.

Iniciando este seu quarto mandato como prefeito, sentiu alguma forte diferença em relação aos três primeiros?

A maior diferença, sem dúvida, é que, embora nas vezes anteriores tenhamos encontrado também alguns problemas, nunca o quadro foi tão grave e caótico quanto o de agora, graças ao completo desgoverno dos últimos oito anos em Ilhéus. Desta vez não se trata somente de dívidas ou de salários atrasados, mas de uma completa desorganização da máquina administrativa de descalabros como o fato de a folha salarial ter chegado a quase 72% das receitas líquidas do município, quando a Lei de Responsabilidade Fiscal tolera um máximo de 54% e determina como limite prudencial 51%. Além disto, nenhum, absolutamente nenhum setor da administração estava funcionando com as mínimas condições, as cotas do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) estavam sendo zeradas antes de entrar nas contas municipais, por causa de sequestros movidos por órgãos federais, a Prefeitura sem condição de firmar convênio com nenhum órgão dos governos estadual e federal, as secretarias e órgãos municipais completamente desaparelhados, diversos postos de saúde fechados. Sem contar com as dívidas que surgem a cada dia, como estas últimas de quase R$ 9 milhões com o Ministério da Pobreza, mais de R$ 638 mil com a merenda escolar e mais de R$ 6 milhões com a Assistência Farmacêutica, todas resultantes da irresponsabilidade dos ex-governantes. Outra diferença fundamental é que, antes, especialmente nos dois primeiros mandatos, convivíamos com uma realidade econômica muito diferente, a partir da força da lavoura cacaueira e dos recursos que ela gerava. Ilhéus, que já foi o terceiro município da Bahia em arrecadação de ICMS, hoje está na 16ª posição neste quesito. A realidade de hoje é que a receita do município não está sendo suficiente para, sequer, pagar as despesas. Se somarmos isto ao fato de que os municípios brasileiros estão empobrecendo cada vez mais, não há dúvida quanto ao fato de nossas dificuldades têm sido muito maiores.

Qual a área que o senhor considera primordial para receber investimentos?

Numa situação como Ilhéus estava, absolutamente todos os setores necessitam de grandes investimentos, mas pensando em termos de importância social e econômica, podemos citar casos como os da Educação e da Saúde, sem esquecer questões como a melhoria das condições de vida das populações mais pobres, dos morros de Ilhéus, da periferia e das comunidades do interior do município. Como preparação para o futuro, torna-se essencial organizar o município para se beneficiar dos investimentos programados para a região, a exemplo da chegada da Fiol, do Porto Sul, da nova ponte, da duplicação da BR-415.

Cumprindo seu quarto mandato como prefeito, o senhor já pensa em disputar a reeleição ou pode se candidatar a outro cargo?

De modo nenhum. Neste momento, e desde que assumi o mandato, meu pensamento durante todo o tempo, é recuperar o município. Depois de tantos anos de vida pública, este é, atualmente, meu único compromisso, que assumi na campanha com os eleitores de Ilhéus: reconstruir o que a irresponsabilidade administrativa e política destruiu e reconduzir nosso município ao patamar de importância que ele já teve na Bahia e no Brasil.

Como estão suas relações com os governos estadual e federal? Ilhéus pode contar com estes dois apoios?

Felizmente, temos a melhor relação possível com as autoridades federais e estaduais. O governador Jaques Wagner tem sido um grande companheiro e tem procurado me incentivar, abrindo as portas da sua administração para os pleitos de Ilhéus, como pode ser visto pelas duas grandes obras que anunciou esta semana aqui mesmo: as licitações da nova ponte do Pontal e da implantação do gasoduto Itabuna-Ilhéus. Também já nos garantiu a construção do novo Hospital Regional, que será feito nas proximidades do Banco da Vitória, assegurou os recursos para construirmos duas novas Unidades de Pronto Atendimento, garantiu a realização do recapeamento asfáltico de ruas importantes da cidade, entre outras obras. E, por meio da Secretaria de Infraestrutura, comandada pelo vice-governador Otto Alencar, conseguimos com o Derba uma patrulha mecânica, com a qual já estamos recuperando as estradas do interior do município. Na área federal, temos conversado com constância com ministros de pastas importantes, como o Ministério das Cidades e das Comunicações, obtendo apoio para iniciativas como o saneamento da Bacia do Pontal, que falei há pouco, da realização de melhorias e urbanização das áreas altas da cidade, retomando o programa Viva o Morro, e da inclusão de Ilhéus no programa Cidades Digitais. Já iniciamos a construção do Centro Educacional Unificado das Artes e dos Esportes, com recursos do PAC II, e estamos dando continuidade às obras de Requalificação da Orla Sul, que estavam paralisadas, em parceria com o Ministério do Turismo. Por meio dos deputados estaduais e federais que nos apoiam, e do contato, nosso contato pessoal, estamos conseguindo manter um produtivo e permanente relacionamento, o que, com certeza, nos ajudará a sair da crise que encontramos instalada em Ilhéus.

“Como homem público, seria uma grande honra poder governar a Bahia, mas, a esta altura da vida, meu grande sonho é poder cumprir os compromissos que assumi com o povo de Ilhéus”

Depois de oito anos anunciado, e quase nada de concreto realizado, acredita que o Complexo Intermodal possa deslanchar durante sua administração?

Não só acredito como tenho certeza disso. Nos contatos semanais que tenho mantido com as autoridades do governo estadual, constatei que os problemas e entraves burocráticos já estão quase todos superados e, dentro de pouco tempo, poderemos assistir ao início das obras do Complexo, uma obra da maior importância para a retomada do desenvolvimento de Ilhéus e da região sul, juntamente com a implantação da Ferrovia da Integração Oeste Leste (Fiol).

O anúncio de uma segunda ponte proporciona, sem dúvida, um novo ânimo à população, por se tratar de uma reivindicação antiga. Quais outros equipamentos e medidas virão para melhorar o tráfego entre o centro e a zona sul?

A obra da nova ponte já deve começar ainda neste primeiro semestre e sua importância transcende aos limites do município de Ilhéus, uma vez que ela vai facilitar a circulação de veículos entre as áreas do litoral sul e norte da Bahia. Foi uma promessa do governador Jaques Wagner e ele empenhou-se pessoalmente para saldar esta dívida com o povo ilheense e da região. Quanto à questão do tráfego na área urbana de Ilhéus, ele tem que ser pensado como um todo, embora as primeiras medidas adotadas na região da Avenida Lomanto Júnior já estejam surtindo efeito, dando maior velocidade e reduzindo os engarrafamentos naquele trecho. A Secretaria de Desenvolvimento Urbano tem feito estudos constantes para implementar medidas que contribuam para a fluidez do tráfego e, aos poucos, elas se tornarão conhecidas.

O que de efetivo está sendo pensado pela atual administração para alavancar o turismo em Ilhéus?

Ao mesmo tempo que estamos desenvolvendo projetos capazes de tornar a cidade mais aprazível para os visitantes, já começamos a elaborar um calendário de eventos, nos quais se inclui novas edições do Aleluia Ilhéus Festival, procurando valorizar nossas manifestações culturais. Afinal, quem vem a Ilhéus não é atraído apenas pelas nossas belezas naturais, mas também pela força da nossa história e da nossa cultura. Uma proposta já em andamento, por exemplo, é a requalificação de um galpão da Codeba, num grande espaço cultural, que será denominado de Porto das Artes e que irá abrigar o Memorial da Cultura Negra e um Centro Técnico de Artes, além de outros equipamentos. Também contamos com o apoio do trade turístico e da rede hoteleira para que o incremento do turismo, segmento que tem um peso muito significativo em nossa economia.

Nas suas passagens anteriores como prefeito o sr. sempre fez o estilo bastante popular, e hoje nota-se uma grande diferença, uma maior distância entre o Executivo e a comunidade em geral. O que houve?

Nestes primeiros meses, tantas têm sido as dores de cabeça e tantas têm sido as medidas urgentes a serem adotadas que realmente não tenho tido tempo para ter mais contato com a população. No momento, minha maior preocupação é tirar o nosso município da UTI e, para isto, tenho trabalhado e despachado com os secretários até altas horas da noite, quase todos os dias. Além disso, temos mantido a rotina de reuniões semanais com todo o secretariado e também tido muita necessidade de fazer repetidas viagens a Salvador em busca de articulações e soluções para nossos problemas mais prementes. Mas não tenham dúvida de que, tão logo esta fase tenha passado e o “doente” saia da UTI, voltarei a ter um relacionamento mais estreito com a população, visitando as comunidades e ouvindo os moradores, como sempre fiz.

Como o sr. analisa o fato da região sul do estado nunca ter conseguido eleger um governador? Somos diferentes das demais regiões?

Para alguém se eleger governador é preciso que haja uma série de conjunturas favoráveis, não basta ter força política, popularidade ou respeitabilidade como homem público. Creio, também, que o Sul da Bahia nunca se uniu completamente em torno de um nome, quando a região tinha força econômica suficiente, nos tempos da riqueza gerada pela economia cacaueira. Porém, como sempre dizia um político mineiro, política é como o formato das nuvens no céu, a cada momento que você olha para cima é possível enxergar um quadro diferente.

E quanto ao sr., ainda ambiciona ser governador?

Como disse há pouco, é preciso uma série de circunstâncias para alguém conseguir se tornar governador do seu Estado. Como homem público, seria uma grande honra poder governar a Bahia, mas, a esta altura da vida, meu grande sonho é poder criar as condições necessárias para cumprir os compromissos que assumi na praça pública com o povo de Ilhéus.

Pelo quadro hoje detectado em Ilhéus, será que o Sr. não deu um passo em falso ao se candidatar e se eleger prefeito?

De modo nenhum. Porque quando me candidatei é porque me considerei em condições de reorganizar o município, recuperar suas finanças, recolocar Ilhéus no patamar de importância econômica, cultural e histórica que sempre teve na Bahia. É verdade que o quadro encontrado é muito pior do que aquele que nós antevíamos antes e durante a campanha eleitoral, mas nada disto é suficiente para tirar nosso ânimo. E posso garantir ao povo de Ilhéus que vamos sair deste buraco em que jogaram nossa querida e bela cidade. Dando um passo de cada vez, asseguro que estamos indo no caminho certo. Neste mês de Abril, já estamos melhores do que em Janeiro e, podem ter certeza de que chegaremos ao final do ano muito melhores do que estamos hoje. E assim sucessivamente. Apesar de tudo, de todas as dificuldades eu repito sempre que estou muito otimista em relação ao futuro e conclamo todos os ilheenses para que acreditem nisto.