Há 25 anos mãe de aluna da Escola da Vergonha viveu mesmo drama no mesmo lugar

Jeane e Eriane
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Matéria exclusiva, publicada hoje (19) pelo jornal Diário Bahia, de Itabuna, revela que a situação da Escola Nucleada do Japu, na localidade de Piaçaveira, zona rural de Ilhéus, é antiga e já dura mais de 25 anos. Apesar de ganhar repercussão nacional, esta semana, por conta de uma reportagem exibida pelo Fantástico, no domingo passado, a reportagem do jornal impresso apresenta duas personagens novas que mostram que a escola de tábuas, revelada há poucos dias, retrata uma realidade da educação esquecida por, pelo menos, quatro gestões que antecederam o prefeito Mário Alexandre.

A reportagem apresenta Jeane e Eriane – mãe e filha. Há 25 anos, Jeane dos Santos Silva Oliveira, hoje com 27, estudou na mesma escola e em condições semelhantes de funcionamento. “Pouca coisa era diferente. E olha que estudei aqui desde que me entendo como gente”, afirmou ao Diário Bahia. Entre a realidade da mãe e da filha, passou-se um ¼ de século no tempo e pelos menos quatro administrações municipais – dos prefeitos Jabes, Valderico, Newton e Jabes de novo.

Na matéria, a professora Edilene de Jesus Almeida, a que mais tempo leciona na escola, há quatro anos viaja todos os dias do município de Buerarema até lá. Para chegar, sem atraso, vai de carona em uma moto. “Teve dia que cheguei a dar aula, o dia inteiro, toda suja de lama. Caí no caminho”, lembrou à jornalista do DB.

A reportagem revela ainda que onde durante todos estes anos funcionou a sala de aula nucleada foi um espaço originalmente construído para abrigar as ações da Associação Riachão Piaçaveira e afirma que hoje se tornou a imagem mais marcante de Piaçaveira, apenas por causa da televisão, já era do conhecimento de vários prefeitos que passaram pelo Palácio Paranaguá. “No governo passado veio um engenheiro, a direção trouxe. Mediram tudo e ficou nisso mesmo, nada”, contou a professora.

O jornal ainda traz um levantamento feito pela secretaria municipal de Educação que aponta que das 119 escolas da rede municipal apenas 53 estão localizadas na sede de Ilhéus. As demais, na zona rural. Deste total, pelo menos 60 necessitam de reforma. E, desta quantidade, 20 precisam ser demolidas e reconstruídas. “São prédios e casas adaptadas como escolas que ficaram muitos anos sem manutenção por parte dos governos que passaram por Ilhéus”, explica Eliane Oliveira, atual secretária municipal de Educação.

Na quinta (18), o prefeito Mário Alexandre estabeleceu como prioridade a extinção dessas estruturas precárias que vêm sendo utilizadas pela rede municipal de ensino e determinou a construção de uma nova escola para atender aquela comunidade. O terreno – a principal dificuldade para a realização da obra – acaba de ser doado pelo agricultor Miguel Domingos Dias. "O governo de Ilhéus vai transformar a 'escola da vergonha' num símbolo da nossa indignação com as mazelas que há décadas afligem as nossas crianças e prejudicam o seu aprendizado", garantiu o prefeito à reportagem do jornal itabunense.