Zidane, Zizou

Júlia Virgínia
Divulgação

Todo mundo que acompanhou pelo menos um jogo nas finais da Copa do Mundo de 2006, que aconteceu em Berlin, conhece Zinédine Zidane. Foi um dos melhores jogadores na história do futebol francês em um período muito especial no qual anunciava aposentadoria das suas chuteiras.

O último jogo de Zidane eu nunca esqueci. Dia 9 de julho de 2006, durante a partida em que o mundo inteiro assistia entusiasmado com expectativa de ver mais um gol daquele profissional brilhante, mas que foi expulso por agredir outro jogador. O ponto final da sua história como profissional foi uma expulsão em plena Copa do Mundo, maneira muito triste de encerrar a carreira.

Ficamos todos boquiabertos porque aquele era um ícone em um campeonato emblemático. A mídia não perdeu tempo em fazer barulho e especular os motivos da agressão fazendo com que a Federação Internacional de Futebol – FIFA começasse uma investigação séria sobre o ocorrido.

As câmeras estavam sobre o jogo do outro lado do campo, e por esta razão, enquanto espectadores, vimos apenas a cabeçada que o Zidade deu no tórax do jogador da equipe italiana, Marco Materazzi. Na sequência veio o cartão vermelho, a expulsão e as vaias. O jogo continuou sem ele, o comentário do locutor com tom de pesar e a decepção visitou muita gente naquele dia em Berlin e no mundo inteiro. Porque nada justificava aquela violência.

Houve muita especulação sobre qual foi a provocação sussurrada que desencadeou aquela reação no jogador. Segundo Zidane, que é francês com descendência argeliana, o italiano insultou sua mãe e irmã tratando-as de terroristas. Materazzi até contestou, mas os dois jogadores responderam posteriormente pelo incidente pagando multas e obrigados a se afastarem dos campos por algum tempo. Até hoje não temos certeza de como aquele atrito começou, e para Zidane, já não fazia diferença pois estava se aposentando.     

Zizou como é tratado por alguns jornais franceses, acumulou vitórias com os times europeus e hoje é o técnico do Real Madrid. A cabeçada de Zidane me faz lembrar das provocações que revidamos sem pensar, e como o jogo continua sem a gente. Muitas vezes, provocações de pessoas que buscam apenas desestabilizar, diminuir o brilho ou equivocadamente chamar atenção.

Poderia ter encerrado de forma diferente, poderia ter ignorado só mais essa. O acontecimento foi imortalizado em Doha no Qatar pelo artista Adel Abdessemed: uma escultura em bronze simulando o momento em que Zidane cabeceia Materazzi. A obra gerou questionamentos sobre a “promoção da violência” e ficou exposta por um breve período.

O episódio talvez seja um dos mistérios daquela competição que ainda gera reflexões sobre a violência física ou verbal que assistimos do sofá. Desta forma, quando mencionam Zidane, penso especialmente em todos os provocadores espalhados pelo mundo que já cruzamos ou ainda vamos cruzar e que não valem a cabeçada, afinal quem lembra do Marcos Materazzi?

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A autora Júlia Virgínia é formada em Rádio e TV e tem mestrado em Cinema