Comunicar é coisa séria e é coisa para profissional

O Procurador e o Secretário
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O prefeito Mário Alexandre sabe da importância de uma boa estratégia de comunicação neste início de governo. Sucede um prefeito que pagou caro o preço de ter se distanciado das ruas e age no sentido de consolidar sua "diferença" sobre ele, com um novo modelo de governar. Mais presente, mais popular e com sinais de mais populista, também.

Aproveitando o fato de ainda não estar sofrendo o desgaste natural do um gestor de uma cidade onde se tem muito a fazer e quase nenhum recurso para executar, Mário tem visitado "in loco" as primeiras ações de seu governo. As mais simples, inclusive. Prestigia até uma mera limpeza de canal na zona sul e ganha a simpatia da população.

Se Mário faz a sua parte, sofre com a inexperiência dos seus assessores diretos, até bons técnicos, mas péssimos na avaliação política que o cargo lhes imputa. A sensação é de que um trabalho que deveria ser comandado por técnicos da Secom, se perde por iniciativas inocentes, isoladas, desorientadas e, até, comprometedoras de alguns dos seus subordinados.

A difícil semana do prefeito de Ilhéus não se resume ao pedido de demissão da secretária de Saúde, sob a alegação de motivos pessoais para deixar o cargo que estava há apenas 18 dias. Um dia depois, um vídeo viraliza nas redes sociais, de iniciativa do procurador, Fabiano Rezende, e do secretário de Finanças, Elifaz Pereira.

Após audiência no Ministério do Trabalho, descobrem que a Prefeitura de Ilhéus tem um débito de 120 milhões em dívidas trabalhistas. Precatórios e Requisições de Pequeno Valor. Na saída, disparam a câmera do celular e emitem - e publicam - uma declaração que, convenhamos, com 20 dias de mandato, chega para desanimar ao mais otimista ilheense que apoie a atual gestão. “Esta situação pode inviabilizar o governo”, sentenciou o procurador.

Triste conclusão de um governo que está apenas começando.

Sob o ponto de vista do marketing institucional – e político – trata-se de um banho de água gelada nos sonhos do eleitorado de Ilhéus, que espera muito da atual gestão; Se era para blindar o prefeito Mário Alexandre, o expôs à fragilidade. Se era para “dar ciência à população do que está sendo feito”, trouxe desalento. Se era para comunicar, estragou o trabalho que vem sendo bem executado pela Secretaria de Comunicação, de “blindar” as dificuldades e valorizar as ações, por menores que sejam.

Na vida pública é preciso lembrar que cada palavra dita precisa ser pensada e repensada. Há feitos que, depois de ditos, dificilmente conseguem ser desfeitos.