A arte sem regras de Guido Lima, o artista da liberdade que expõe Brasil afora

Um dos trabalhos e o artista que não cansa de sonhar
Reprodução

Todos os dias, bem cedo, o artista plástico Guido Lima vive uma rotina. Toma café e segue para o seu ateliê improvisado na garagem de casa para, aí sim, alimentar a alma. Em sua especialidade, pintura em óleo sobre tela, inspira e projeta figuras femininas com traços completamente fora dos padrões dos corpos humanos. ”A arte é uma recriação do real e o surreal, é a imaginação livre para criar, o que se deseja. Portanto, sem regras e total liberdade e muito longe da realidade, ou não”, explica o artista. Guido trabalha – e brinca - com o imaginário onde tudo é permitido, sem barreiras, sem regras, sem pudor. “Só a liberdade interessa, mesmo que não sirva para uma nobre parede da sala de estar de pessoas sem amor à arte”, polemiza.

No momento do trabalho, Guido Lima tenta esquecer as regras, as técnicas e os rumos. Deixa apenas fluir as criações. “E solto a mão”, completa. Guido explica que existe uma grande diferença da arte para o artesanato. “A arte é pura criação, é o novo, o nunca visto, é apenas o sentido, o sentimento que agrada ou desagrada. Isso é o que menos importa. A emoção, sim, ela é que é importante”, defende o artista.

Enquanto produz novas obras na garagem de casa, na zona sul de Ilhéus, Guido tem parte dos seus mais recentes trabalhos exposta na Livraria Cultura, da Avenida Paulista, em São Paulo, e na Galeria do Shopping Barra, em Salvador, sua terra natal, onde iniciou a sua trajetória artística, fazendo a sua primeira exposição na Galeria L"Dome em 1969. Fez vários cursos de preparação, dentre eles o Curso Livre da escola de Belas Artes, desenho técnico, desenho industrial no IDORT. Na Universidade Federal da Bahia, cursou Licenciatura em Desenho e Plástica na turma de 1975, foi professor de desenho e educação artística e diversas exposições em várias cidades do Brasil, sendo a última no Palacete das Artes "Museu Rodim", em Salvador. No teatro assinou diversos projetos de cenografia e figurino e ganhou diversos prêmios, dentre os quais dois Martins Gonçalves e SNT. Foi diretor teatral e criador do "Grupo de Teatro de Bonecos Puxa Vida", que durante 10 anos fez centenas de espetáculos em todo Brasil e participações em festivais de teatro.

Guido Lima também participou da 1ª Bienal Latino Americana em São Paulo. Trabalhou na TV Aratu que à época era afiliada da Rede Globo na Bahia e criou o Grupo de Produções Locais, onde dirigiu e criou diversos programas para esse canal com destaque para o programa de Tia Arilma, que bateu diversos recordes de audiência. Foi diretor de estúdios do IRDEB, Instituto de Radiocultura da Bahia. Também prestou seus serviços na Fundação Cultural do Estado da Bahia, onde pode atuar no Teatro Castro Alves com o projeto e a construção da Sala do Coro do Teatro Castro Alves. Este ano tem a programação de exposições nas regiões Centro Oeste e Sul da Bahia. “Infelizmente a cidade de Ilhéus não tem espaço cultural favorável para a elaboração de Projetos Culturais, onde diversos projetos já foram apresentados, mas sem retorno dos seus administradores”, lamenta o artista.

Enquanto espera por dias melhores para a arte, Guido saboreia todas as manhãs mais um gole de café. E mantém a rotina de alimentar a alma com sua arte, suas formas e suas cores vivas. Vivas como a esperança de que a arte esteja integrada cada vez mais à vida das pessoas.