Os três crimes na Ponta do Ramo

A educação sangra também
Arquivo/Google/Imagem Ilustrativa

Na mesma semana em que o Blog Agravo denunciou o despejo de crianças-estudantes, da escola que funcionava provisoriamente em um bar da localidade de Ponta do Ramo, a polícia confirmava mais dois crimes na pacata comunidade onde o futuro segue sem aula. E o que uma outra tem a ver com a outra? Tudo. A educação de um povo pode ser julgada, antes de mais nada, pelo comportamento que ele mostra na rua. Quem tem acesso ao Mapa da Violência sabe que vítimas e algozes se encontram numa única estatítstica: negros, pobres, baixa escolaridade. Isso serve para quem mata e para quem morre. Infelizmente.

No entanto, mais que o absurdo de temporariamente uma escola funcionar na sala de um bar, é o fato denunciado ontem pela tevê Santa Cruz. A escola nucleada, que não tinha a mínima condições de funcionamento, há muitos meses, e forçou a "mudança de endereço" das crianças, continua lá, abandonada. Só não está do mesmo jeito do dia em que "apagaram a luz pela última vez", por que piorou. Antes eram telhado desabado, mofo, portas podres e por aí vai. Hoje, além de tudo isso, há entre as paredes que restam, o abandono do material didático, como se a educação tivesse sido jogada no lixo.

O governo municipal teve tempo suficiente para dar uma solução cidadã àquelas crianças e aos seus pais. Não deu. Continua com o discurso de que a obra que reconstruiria a dignidade humana esbarra na burocracia de uma licitação. Mas noutras oportunidades já mostrou que, quando quer, faz.

E depois da matéria exibida ontem pela tevê Santa Cruz, consolida-se um sentimento nos corações dos ilheenses que não aceitam este destino.

Esta semana não foram apenas dois crimes confirmados na Ponta do Ramo. Foram três.