Canavieiras se destaca na produção de frutas

Produção de Sapoti é um dos destaques
Ascom/Walmir Rosário

Tornar o município de Canavieiras um grande polo de produção de hortifrutigranjeiros e fruticultura é um dos vários projetos elaborados pelo Governo da Reconstrução. Para isso, o prefeito Almir Melo tem envidado esforços no sentido de manter condições favoráveis de produção da zona rural, em todos os setores da agropecuária.

De acordo com o prefeito, hoje a Prefeitura mantém em atividade diversos programas e projetos que proporcionam benefícios aos produtores rurais. Entre eles, a abertura e a conservação das estradas vicinais, a distribuição de sementes de milho e feijão, de mudas de cacaueiros e outras essências florestais e assistência técnica prestada por engenheiro agrônomo e técnicos em agropecuárias, através da Secretária Municipal da Agricultura.

Um exemplo na produção de frutas pode ser visto na Fazenda Planalto, na região do Poxim/Sarampo, área de antigo assentamento rural que não prosperou. A fazenda, hoje de propriedade de Julival Santos de Jesus, conhecido como “Bizilunga”, pode ser considerada um exemplo de como se produzir bem frutas variadas, sem a necessidade de se endividar.

Segundo Julival, a pequena e média agricultura é uma atividade que somente poderá ser desenvolvida por quem participa do dia a dia do campo, conforme o ditado: “quem engorda o boi é o olho do dono”. E assim ele faz o seu cotidiano: mesmo morando na cidade (Canavieiras) chega à fazenda antes do amanhecer e só sai quando escurece, a não ser quando tem que negociar a produção nos sacolões.

Julival não economiza quando o assunto é a diversidade da produção, citando que em sua fazenda são produzidos cocos, cupuaçu, sapotis, café conillon, banana-da-terra, graviola, aipim e eucalipto. Segundo o secretário municipal da Agricultura, João Brasil, Julival é um produtor que está sempre antenado com a tecnologia de produzir bem produtos que encontrem fácil colocação no mercado.

Trabalhar o solo – Para o produtor Julival, é preciso aprender com a terra, sempre observando bem quais os cultivos que se adaptam bem ao solo onde se vai trabalhar. Ele conta que no início foi muito difícil, por se tratar de uma área onde abundava o terreno arenoso, com muito sapé e outras vegetações que predominam em solos ácidos.

Julival conta que nem assim desanimou, e passou cultivar espécies de ciclo curto, a exemplo de melancia, abóbora, mamão, dentre outras. “Fomos trabalhando de forma intuitiva, tanto para poder vender a produção num menor tempo, como para melhorar o solo, incorporando toda a parte verde da planta na própria terra. Com isso, não precisaria tomar dinheiro no banco para produzir”, revela.

O secretário da Agricultura de Canavieiras, João Brasil, ressalta que se todo o produtor rural agisse como Julival, as oportunidades dadas pela agricultura seriam bem melhores.  “Ele é um grande observador, nos diz o que viu e o que pensa e aplica todas as orientações dadas pelos técnicos. Costumo dizer que ele é um grande sonhador que sabe transformar os sonhos da forma mais racional possível”, diz o secretário.

Consórcios – Mesmo sem ter qualquer “intimidade” com as pesquisas e modelos de agricultura, Julival inovou em sua propriedade ao implantar os Sistemas Agroflorestais, os conhecidos SAF's. Ao colher a produção de ciclo curto, plantou os “talhões” com banana da terra, café conillon e aipim; banana-da-terra, aipim e graviola. A banana-da-terra e o aipim, além de sombrearem o café ou a graviola, ainda contribuíam para a fertilização do solo.

Atualmente, nos 17 hectares de uma de suas propriedades há 500 pés de graviola e 8,5 mil pés de café conillon, parte deles ainda divididos com banana da terra e aipim. Graviola e café são os carros-chefes da produção da Fazenda Planalto, cujos cultivos deverão ser ampliados. “Quero plantar mais três mil pés de café e 200 pés de graviola. Minha intenção é conseguir uma produtividade de 60 quilos por pé de graviola”, prevê Julival.

Sempre em busca de uma grande produtividade, Julival procura estar “de olho” no mercado, seja o local ou do Sudeste, a exemplo de São Paulo, para onde manda a produção de coco seco e cerca de 10 mil caixas de sapotis por ano. “Se o mercado apresentar complicação, mudo de cultivo”, afirma o produtor rural, ressaltando que a graviola é um produto de excelente comercialização e encontra mercado em Canavieiras, Santa Luzia, Camacã, Ubaitaba e Travessão (Camamu) .

E sempre agiu assim, dizendo que são a agricultura e o mercado que apontam o caminho para o produtor rural. Outro ensinamento dele é: “O pequeno agricultor só pode ter o que ele possa zelar”. Julival conta que nunca se arrependeu de mudar de cultivo, deixando de produzir pinha, mamão e pimenta, na busca de melhores produtos.

Como começou – Em 1996, com a chegada da vassoura-de-bruxa na região, ele e outros seis colegas deixaram a fazenda em que trabalhavam em Ubaitaba para tentar nova vida na área de assentamento Poxim/Sarampo. Com a ajuda da família que trabalhavam, adquiram as terras (42 hectares). Os companheiros não se adaptaram ao novo estilo de vida e deixaram as áreas. As mesmas foram sendo adquiridas por ele, que mantém a área original em sociedade com um dos sócio.

Aos poucos, o produtor foi se estabilizando e adquiriu mais 17 hectares (só dele). Antes disso, participou de vários cursos dados por instituições ligadas a agricultura, se qualificando. “Ele aproveitou todas as oportunidades surgidas ao longo dos anos e ainda continua em busca de informações, daí o sucesso alcançado no seu negócio”, conclui João Brasil.