Uma realidade que orgulha a região

30 mil pessoas visitaram os estandes
JBO/Maurício Maron

Em 2008, ao ter conhecimentos mais profundos sobre o Salão de Paris, o empresário e publicitário Marco Lessa percebeu que o sucesso do chocolate de lá revelava a importância do cacau de cá. Paris tinha público, chocolate de qualidade, reunia especialistas e visitantes do mundo inteiro, mas faltava aquilo que é essencial para se produzir um chocolate goumert: eles não têm o controle sobre a amêndoa do cacau. Marco então resolveu dar o pulo do gato. Por que não fazer no sul da Bahia, a terra do cacau, um evento semelhante (na idéia) e abrir um novo filão de mercado movimentando a economia regional?

Já no ano seguinte nascia o Festival do Chocolate. Começou regional. Ganhou corpo e musculatura. Importância e prestígio. Tornou-se internacional. Voltou a Paris com seus primeiros chocolates de origem e mostrou o quanto é possível fazer igual - ou melhor - que a Europa. Marly, uma pequena empresária de Itacaré, especialista em trufas, acreditou desde o início. Nesta sétima edição voltou com seu estande trazendo uma variedade de 60 sabores de chocolate e uma novidade que dá a dimensão da importância do sonho de Lessa: acaba de negociar a sua primeira loja de franquia e está animada quanto ao futuro do negócio. O pro dutor Henrique Almeida passou a exportar suas amêndoas para as maiores empresas do mundo e hoje produz um dos chocolates mais elogiados no Salão de Paris. O chocolate regional passou a ganhar prêmios internacionais. Fernando Botelho passou a vender seus produtos por todo o Brasil e até Mário Mendes, um empresário de Lauro de Freitas, longe dos cacaueiros do sul da Bahia, apostou numa marca própria.

Setores mais críticos ao festival se prendem aos menores números que ele pode apresentar. A região de milhares de produtores só conta com pouco mais de 20 empresários que resolveram investir no chocoate goumert. No entanto, a convicção de Marco Lessa de que este é um dos - e não só o único - caminhos da retomada da economia local, está em um número consolidado ao longo deste sete anos do evento. Nenhuma empresa - pequena ou grande - que abriu suas portas para esta atividade, deixou a iniciativa pela metade. Todos estão crescendo. Este ano, estima-se negócios que totalizam 10 milhões de reais, com a venda de produtos, anúncio de implantação de novas indústrias de porte médio e transações para compra e venda de cacau fino.

O Festival Internacional do Chocolate é, sem dúvida, a maior iniciativa de eventos privados da história de Ilhéus. Se antes tínhamos a Festa do Cacau para, de forma até soberba, mostrarmos a força econômica que tínhamos (ou aparentávemos ter), hoje temos um evento que acende uma luz no fim do túnel e traz consigo um leque de novas possibilidades de negócio. Na Feira deste ano, impressionou ao Sebrae a quantidade de empresários de outras regiões do Brasil interessados em viabilizar Planos de Negócio com esta atividade. 80 por cento dos pequenos produtores que formam um grupo ligado à entidade, expuseram seus produtos, mostraram a cara, fizeram negócios. Especialistas com reconhecimento mundial circulavam pelos estandes junto a curiosos e consumidores.

Casos e marcas de sucesso fincaram raízes no evento. Empreendimentos novos se apresentaram ao público. Ilhéus tornou-se por um final de semana, a capital mundial do chocolate. 

A visão de um empresário tornou-se o recomeço de uma bela história. É um novo sonho dando certo.