Seis dias depois de morto, corpo de criança vai retornar para Ilhéus

José Ocké
Secom/Gidelzo Silva

O princípio básico deste veículo é fazer jornalismo de qualidade. Mas o nosso orgulho torna-se ainda maior quando constatamos que, além de jornalismo, conseguimos prestar serviço, ser útil a quem mais precisa, ajudar a população. Acabou o imbróglio entre uma mãe que perdeu o filho há seis dias e aguarda, junto com o corpo, em Salvador, a transferência para Ilhéus, e a Secretaria de Saúde do Município. Neste domingo, será feito o traslado do corpo.

Durante dias a secretaria e a família não se entendiam. De um lado, a Saúde defendia a legalidade, afirmando que, por lei, estava impedida de transportar morto em ambulância municipal. Oferecia à Zuleide Conceição, a mãe cheia de dor e saudade, o retorno imediato a Ilhéus. Mas sem o corpo do filho.

Do outro, uma mãe carente desesperada, sem um centavo no bolso, passando necessidade, que há seis dias dormia sentada numa cadeira à espera da solidariedade dos governantes de sua cidade e chamava atenção nos corredores de um hospital público em Salvador, onde não conhecia absolutamente ninguém.

Hoje à tarde, o Jornal Bahia Online intercedeu. Promoveu o contato do secretário José Ocké com o departamento de Assistência Social do Hospital José Maria de Magalhães. Ocké conversou por telefone com a mãe da criança e, juntos, anunciaram a decisão mais equilibrada. Neste domingo, logo cedo, segue um carro com a urna funerária, tudo devidamente legalizado, para buscar o corpo da criança e a mãe cheia de dor.

Restabelece-se, portanto, o diálogo, a sensatez e o espírito de solidariedade tão exacerbados neste período natalino, mas com uma distância imensa entre a teoria e a prática.

Na segunda-feira, Zuleide, finalmente, poderá enterrar o corpo do filho, restabelecendo o seu direito de cidadã.

Mesmo contra a vontade do secretário José Ocké (que nos pediu para evitarmos "detalhes da decisão"), o Jornal Bahia Online quer, aqui, de público, reconhecer o seu ato humanitário, deixando de lado os trâmites burocráticos do sistema público e mostrando o seu lado humano, sensato e solidário que devem servir de exemplo para quem tem o compromisso de lidar com a alegria, mas, também, com a dor do povo.

Para entender o caso, clique aqui e leia no co-irmão Agravo.