A tinta da caneta

Caneta sem tinta?
Arquivo/Google

Que a saúde pública de Ilhéus não vai bem há muito tempo, todo mundo já sabe. Nos últimos anos houve de tudo para justificar tal situação. Suspeita de desvio de recursos, apadrinhamento político, distribuição irresponsável de cargos e escolhas mal sucedidas de gestores (uns, inclusive com um histórico que deveria nem fazê-lo pensar no cargo ou na indicação de alguém) levaram o setor à UTI.

O estado da saúde de Ilhéus é de dar pena.

A estrutura está em ruinas, na maioria dos casos. Falta pessoal, setores essenciais como, por exemplo, o acompanhamento de doentes com o vírus do HIV - aí incluem-se as crianças infectadas - deixaram de ser acompanhados por quae um ano por falta de profissionais contratados. 

Mas o que chama a atenção é que, acredite, não falta dinheiro para investir na melhoria desta estrutura dilapidada. Isso mesmo, senhores. Não falta dinheiro. Uma fonte da secretaria municipal de Saúde garantiu ao JBO que, em caixa há, pelo menos, dois milhões de reais para investir na recuperação de postos e unidades de saúde e, se preciso for, até construir algumas novas, de pequeno porte.

Explica-se: a gestão da saúde é plena. Significa dizer que a saúde gera os próprios recursos da saúde. É o secretário quem assina o cheque, contrai dívidas, paga as contas e responde por elas. Mas só age no âmbito administrativo. Hoje, o único poder que o secretário de saúde não tem é dizer: "vou reformar imediatamehte isto aqui".

Não se sabe por qual "cargas d´água" este poder, na atual gestão, foi dado ao secretário de Desenvolvimento Urbano, Isaac Albagli. É ele quem efetivamente decide o que vai e o que não vai entrar em obras na esfera da Secretaria de Saúde.

Uma condição injusta, diriamos.

Se o dinheiro da saúde é administrado pela própria saúde, se a pasta é, legal e administrativamente, independente, por que outra pasta administrar o que pode ou não pode entrar em obra? 

Ninguém, absolutamente ninguém, tem mais condições de saber o que é prioridade na Saúde que o secretário Jose Ocké. É ele quem está diariamente diante dos problemas, das críticas e do dinheiro para resolvê-las.

Seria até um favor que o prefeito Jabes Ribeiro faria ao amigo Isaac.

Pelo tamanho das dificuldades vivenciadas por Ilhéus, ele, como supersecretário que é, já tem muito com o que se preocupar. Seria uma medida boa para todos.

Inclusive para os ilheenses que aguardam na fila a possibilidade de ter atendimento médico, no mínimo, respeitoso.