Jornal baiano publica edital de sindicato ao lado de anúncio de oferta de sexo

Presidente do Sinjorba, Marjorie Moura
Carlos Augusto

Com dificuldades para negociar, há tempos, acordos coletivos com o Jornal Correio, de Salvador, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado da Bahia (Sinjorba) acabou sendo vítima do jornal, na edição do dia 28 de novembro, quando viu o nome da entidade exposto a uma situação, no mínino, vexatória: o veículo publicou um edital do Sinjorba ao lado de anúncio de oferta de sexo.

De acordo com a direção do sindicato, a atitude configura uma prática antissindical e desrespeito a uma entidade que tem 65 anos de fundação e atividade em  defesa da categoria dos jornalistas no estado da Bahia. "Ao longo deste período, diversas direções do Sinjorba enfrentaram inúmeros períodos de exceção, nos quais o sindicato foi fechado, mantido  sob intervenção, mas nunca desrespeitado em sua condição de representante dos jornalistas, posição autorizada e reconhecida pelo  Ministério do Trabalho e Emprego, pelo Ministério Público do Trabalho, mantendo atividades conjuntas e solidárias com OAB, ABI, Fórum "A Cidade é Nossa" e os demais 30 sindicatos de jornalistas do país, com a Federação Nacional dos Jornalistas, e entidades internacionais de classe", protestou a direção

A direção do Sinjorba revela ainda em nota de repúdio que vem encontrando grande dificuldade para negociar acordos coletivos com o Jornal Correio da Bahia, desde que os jornalistas da redação passaram a contestar o pagamento da sexta hora contratual que, juntamente com a implantação do banco de horas, pode significar jornadas de trabalho de mais de oito horas diárias.  “Apesar de a empresa ter indicado um negociador profissional para intermediar as conversações nos últimos três anos e ter respondido sempre negativamente às tentativas do Sindicato de melhorar a remuneração e condições de trabalho dos jornalistas da empresa, a relação se mantinha ao menos, respeitosa. Entretanto, o Sindicato foi surpreendido pelo atraso na publicação de um edital de convocação para assembleia geral de jornalistas do Correio da Bahia a fim de tratar da questão da sexta hora e sua possível judicialização. O edital só seria publicado oito dias após ter sido enviado à empresa, sob alegação de que o documento havia sido encaminhado ao departamento jurídico para "análise", ainda que a prática figure em cláusula de acordo coletivo há muitos anos.

Para surpresa e revolta da diretoria do Sinjorba, embora em diversas outras páginas da edição tenham sido publicados outros editais, o referido documento do Sindicato foi localizado, com dificuldade, no canto inferior esquerdo da página 26 dos Classificados, abaixo de anúncios de oferta de sexo.

“Trata-se de absoluta falta de seriedade por parte da empresa e de seus  representantes que, ao colocar o edital na citada página, ensejando interpretação comparativa dos profissionais jornalistas à prostitutos. Com isso, naturalmente, comparam o local onde estes exercem suas atividades a prostíbulos”, lamenta o Sinjorba.