Criativos de Ilhéus e Serra Grande conhecem iniciativas de sucesso em Ibirataia

Trabalho em cerâmica do Cores da terra ganha mercado mundial
Divulgação

Um grupo de 35 empreendedores criativos dos bairros do Pontal, Hernani Sá e Olivença, em Ilhéus, e do distrito de Serra Grande, em Uruçuca, vai participar de visita técnica ao município de Ibirataia, também localizado no Sul da Bahia. No local, é desenvolvido o projeto Cidade Criativa, que movimenta a economia da região unindo associativismo, talento e iniciativas inovadoras na área da agricultura, artesanato, gastronomia e design. A visita, coordenada pelo Sebrae Ilhéus, acontece no próximo dia 24, de 8h às 19h, e tem o objetivo de estimular o intercâmbio entre projetos bem-sucedidos na região.

De acordo com a gerente do Sebrae Ilhéus, Claudiana Figueiredo, a visita tem o compromisso de “integrar experiências, conhecer novas técnicas e informações e propiciar a competitividade dos territórios e dos negócios”.

Um dos participantes da visita técnica é Henrique Abobreira, ativista social no bairro do Pontal, em Ilhéus. Para ele, esta é uma oportunidade de outros empreendedores abrirem o seu olhar para iniciativas vitoriosas. “É um estímulo e uma referência de identidades que podem ser compartilhadas para outros projetos”, assegura. Abobreira é um dos idealizadores do projeto “Pontal Criativo”, realizado em parceria com o Sebrae, e que pretende consolidar a localidade como o primeiro bairro criativo do interior da Bahia.

Padrão de excelênciaO roteiro à Ibirataia inclui visita à Fazenda Lajedo do Ouro, onde são produzidos chocolates gourmet, de alta qualidade, resultado de plantações em sistema de Cabruca, graças à cobertura vegetal mantida nas roças de cacau. Hoje, para consolidar o padrão de excelência e profissionalismo, a gestão da fazenda utiliza um software customizado para as necessidades operacionais e gerenciais da lavoura, assim como treinamentos periódicos aos seus colaboradores.

Outra visita importante será feita à sede da cachaça “Engenho Bahia”, no mercado desde 2002. Trata-se da primeira cachaça baiana a receber o certificado do Inmetro, após seguir requisitos rigorosos desde o processo de produção até o envasamento. A cachaça é envelhecida por, no mínimo, dois anos, de modo que absorva o sabor e aroma da madeira. Um grande diferencial em relação aos seus concorrentes diretos é o fato da cachaça conter 0% de cobre, enquanto a lei brasileira permite um limite máximo de 5mg/L. A empresa também se preocupa com a responsabilidade ambiental durante a colheita da matéria-prima, evitando qualquer tipo de desmatamento ou queima de lenha durante seu processo produtivo.

O grupo vai almoçar no Espaço Beija-Flor, construído em uma fazenda de cacau. O projeto paisagístico do local segue a linha de um dos mais importantes nomes do setor no Brasil, Roberto Burle Marx, valorizando as espécies nativas.

A ideia criativa surgiu a partir de um momento difícil da lavoura cacaueira, com o surgimento da vassoura-de-bruxa, doença que destruiu a plantação de cacau. Com a crise os proprietários da fazenda tiveram que criar novas alternativas para a preservação da Mata Atlântica. Reiniciaram com um horto florestal, surgindo a possibilidade de ampliar os negócios, despontando para uma nova paixão:  a gastronomia. Hoje, oferecem serviços de restaurante e pousada com total interação de um ambiente tranquilo, som agradável, atendimento personalizado e um visual exótico, com muitas plantas e decoração de qualidade.

Artesanato sustentávelO grupo também vai visitar a Associação dos Artesãos, que fomenta o artesanato de Ibirataia com modelo integrado, promovendo o fortalecimento da economia popular e a educação empreendedora dos seus associados. A entidade desenvolve o trabalho de forma sustentável, viabiliza aperfeiçoamento de mão de obra, capta recursos, participa de feiras, estimula o voluntariado, e ainda promove a segurança alimentar, nutricional e assistência social dos seus integrantes.

A visita será encerrada em um dos projetos mais conhecidos da cidade: o Cores da Terra. A iniciativa dos artistas Selma Calheira e Franz Rzehak  surgiu há 24 anos. Eles viram na arte da cerâmica e do ferro a oportunidade de unir sonhos ao trabalho e uma forma de sustento. Hoje, o projeto emprega artistas da própria cidade, treinados pela empresa. As técnicas utilizadas na criação, modelagem e queima têm sua origem em resgates culturais, como o da cultura indígena, e a valorização da natureza nativa.

Algumas tintas utilizadas antes do objeto ir à queima são originados de diferentes tipos de argila, fruto de pesquisas realizadas por Selma Calheira. Os objetos de decoração produzidos pelo Cores da Terra são levados até para o exterior. Sua linha de produtos inclui castiçais, animais, flores em maço, garrafas, vasos, potes, pratos e uma variedade de formas e cores.