Quando será que o Brasil vai ganhar?

Quais as chances do Brasil?
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Torci muito pelo Brasil neste mês de outubro. Torci sozinho, em silêncio. Mudo e solitário, soube do resultado do primeiro jogo do Brasil, contra a Argentina, dia 11/10/2014, quando o Brasil venceu por 2 X 0.

Continuei torcendo. Não desanimei porque não me conformei com o que a imprensa internacional anunciava, acompanhando o desenrolar dos fatos com grande expectativa.

Em 14/10/2014, saiu o resultado de Brasil e Japão, que ganhamos pelo placar de 4 X 0. Neste mesmo lapso de tempo, a imprensa anunciou que só teríamos mais no ano que vem, pois em 2014 esgotara-se a premiação.

Senti-me frustrado, atingido em meu orgulho de brasileiro. Sacudi a cabeça e consolidei meu silêncio, cabisbaixo.

É que enquanto todos torciam pela seleção brasileira nos amistoso contra os times acima, com ampla repercussão pela imprensa, especialmente pela Rede Globo, anunciava-se em notas rápidas, lacônicas, o nome dos ganhadores do Prêmio Nobel neste ano de 2014.

Como ocorre todos os anos, nenhum brasileiro foi laureado com a premiação. Confesso que isto dói fundo em meu orgulho tupiniquim.

Não precisaria ser, necessariamente, nas categorias de Física, Química ou Medicina, áreas técnicas nas quais sempre tivemos notórias dificuldades. Mas poderíamos ganhar um Prêmio em Literatura, Economia ou, quem sabe, um Nobel da Paz. Sonhar não é proibido!

O Prêmio Nobel foi instituído em fins do Século XIX e entregue, pela primeira vez, em 1901. Desde então 835 pessoas (791 homens e 44 mulheres) e 21 organizações já o receberam, sem que nenhuma delas fosse brasileira, conforme informações extraídas da Wikipédia, atualizadas até 08/10/2014.

Os EUA já o receberam 338 vezes. O Reino Unido 119 vezes. A Alemanha 103 vezes. O Japão - a quem goleamos de 4 X 0 - acumula 20 Prêmios e a Argentina também já o conquistou cinco vezes. É penta em um “esporte” no qual parece que nunca conseguimos passar da fase eliminatória, nem mesmo chegar às oitavas de final.

É inadmissível que países como Albânia, Bangladesh, Chipre, Gana, Iêmen, Letônia, Nigéria, Paquistão, Quênia e até mesmo as desconhecidíssimas Ilhas Faroé tenham um Prêmio Nobel, enquanto que o Brasil, quinto maior país do mundo em extensão territorial e quinto país de maior população em todo o planeta não tenha conquistado, jamais, um Prêmio Nobel sequer.

Algo está errado com meu país. Profundamente errado. Não é culpa só da Dilma e do Lula. Nem somente dos 8 anos de governo FHC. Nem mesmo culpa exclusiva da Ditadura Militar que tivemos de 1964 até 1985. É algo maior, mais profundo, estrutural, de um país que jamais deu o devido valor à Educação, que jamais promoveu um ensino público que combinasse excelência com acesso irrestrito do povo às escolas, que jamais valorizou o mérito das conquistas científicas, que jamais tratou Educação, verdadeiramente, como política de Estado, como requisito fundamental para alcançarmos o desenvolvimento econômico, social e humano, nos livrando da ignorância e fazendo de nós um povo mais justo e mais feliz.

Enquanto não fizermos da Educação um objetivo maior do Estado e da Sociedade brasileira, teremos de nos contentar com as vitórias no Futebol. E nada mais.

o autor Julio Cezar de Oliveira Gomes é graduado em História e em Direito, ambos pela UESC – Universidade Estadual de Santa Cru